1. Feriado é só folga para a gente: os dados não descansam
O ritmo desacelera, mas os riscos aceleram
Durante os feriados prolongados, muitos sistemas continuam ativos. Plataformas online, bancos de dados, e-mails automáticos e dispositivos conectados seguem operando mesmo sem ninguém por perto. Enquanto as luzes do escritório se apagam, os cibercriminosos veem a oportunidade perfeita para agir — especialmente quando sabem que há menos olhos atentos.
Esse cenário cria uma janela de oportunidade para acessos indevidos e movimentações suspeitas que poderiam ser facilmente percebidas durante a rotina normal, mas que passam despercebidas quando todos estão de folga. Em termos simples: os dados ficam vulneráveis justamente quando parecem mais tranquilos.
A falsa sensação de segurança
Às vezes, achamos que é só colocar uma mensagem de “estamos em recesso” e pronto, tudo resolvido. Porém, a pausa da equipe não pausa as ameaças. Aliás, feriados costumam ser o cenário ideal para golpes digitais silenciosos, que só serão descobertos quando todo mundo voltar — e aí pode ser tarde demais.
Com menos pessoas monitorando sistemas, analisando e-mails ou acompanhando alertas, qualquer brecha pode se tornar uma porta escancarada. E como diz aquele velho ditado digital que inventei agora: “quem não vigia, deixa os dados na mira”.
2. Riscos comuns que aumentam nos feriados
Não é paranoia, é realidade. Durante os recesso, alguns riscos se intensificam e outros ganham força justamente pela redução do monitoramento. Veja os principais:
Invasões silenciosas
Com menos monitoramento ativo, aumentam as chances de invasões que passam despercebidas. Basta uma brecha no sistema para que alguém externo tenha acesso a dados sensíveis. Esses acessos não autorizados muitas vezes não deixam rastros claros, e podem ficar ocultos por semanas.
Falta de atualização nos sistemas
É comum que atualizações de segurança fiquem para depois, especialmente às vésperas de feriados. Isso abre espaço para vulnerabilidades conhecidas serem exploradas. Além disso, muitas empresas deixam sistemas antigos funcionando sem suporte, o que é um convite para incidentes.
Compartilhamentos imprudentes
Na correria para “resolver tudo antes do feriado”, funcionários compartilham senhas, acessos e documentos por meios inseguros. Seja por e-mails pessoais, mensagens instantâneas ou até bilhetes deixados em cima da mesa, esse tipo de comportamento aumenta exponencialmente os riscos.
Ataques de phishing aumentam
Cibercriminosos sabem que, durante o recesso, muitos e-mails automáticos são ativados. Eles aproveitam isso para enviar mensagens falsas, fingindo ser sistemas internos ou parceiros comerciais. Quem está de plantão pode cair no golpe com mais facilidade, principalmente se estiver com menos suporte interno.
3. Exemplos cotidianos de onde tudo pode dar errado
Para tornar os riscos mais tangíveis, vamos a algumas situações práticas que podem acontecer durante os feriados prolongados:
A planilha esquecida no desktop
Um colaborador sai para o feriado e deixa uma planilha com dados de clientes aberta em sua área de trabalho. Ninguém acessa? Talvez sim, talvez não. Basta uma conexão remota mal protegida ou um acesso indevido para que os dados sejam expostos.
O e-mail automático que revela demais
Mensagens de ausência do tipo “estou fora até dia X, em caso de urgência fale com fulano” podem parecer inofensivas. Contudo, se o “fulano” não tiver preparo ou se o e-mail estiver mal configurado, é uma informação valiosa para quem deseja aplicar um golpe, pois indica quem está de plantão e quem não está.
O sistema que caiu e ninguém percebeu
Imagine um sistema interno com falha de autenticação que entra em pane na sexta-feira à noite. Como ninguém monitora durante o feriado, a vulnerabilidade fica ativa por dias — tempo suficiente para que dados sejam acessados, copiados e até apagados.
Acesso remoto sem dupla autenticação
Funcionários em home office durante o feriado acessam sistemas da empresa via redes públicas, sem VPN ou autenticação em duas etapas. Isso permite que terceiros interceptem dados, coloquem malwares em trânsito e ganhem acesso total sem levantar suspeitas.
4. Boas práticas para manter a proteção mesmo fora do escritório
A preparação é a chave para evitar sustos. Com algumas medidas preventivas simples, é possível reduzir drasticamente os riscos durante os períodos de recesso.
Checklist de segurança antes do recesso
Um checklist simples pode evitar grandes dores de cabeça. Considere estes itens essenciais para revisar:
Automatize o que for possível
Agendar verificações, bloquear acessos de forma preventiva e configurar alertas de atividade suspeita ajudam a manter o controle mesmo com a equipe reduzida. Sistemas de monitoração e log podem emitir relatórios em tempo real, mesmo durante o feriado.
Planeje escalas de plantão inteligente
Se a sua empresa tem serviços críticos, pense em uma escala de plantão que garanta que ao menos uma pessoa esteja de olho nos principais sistemas. Não precisa ser um time inteiro, mas sim alguém com acesso, preparo e autonomia para reagir caso algo saia do esperado.
5. E os dados pessoais? O que a LGPD exige durante os feriados?
A legislação de proteção de dados não reconhece pausas ou feriados. Por isso, é importante compreender as obrigações legais que continuam valendo mesmo durante os recessos.
A proteção é contínua
A LGPD não tira férias. Mesmo que a empresa esteja em recesso, os dados continuam sob responsabilidade do controlador. Se houver incidente durante o feriado, o prazo para comunicação à ANPD é contado normalmente e não há suspensão por conta de feriado.
Princípios da prevenção e segurança
Deixar sistemas expostos ou negligenciar práticas de segurança pode ser entendido como falha grave. A LGPD exige medidas técnicas e administrativas proporcionais — e isso inclui planejamento para períodos de menor vigilância. Demonstrar que a empresa tem protocolos ativos, mesmo durante pausas, é um diferencial positivo.
6. Conscientização também se prepara com antecedência
Não adianta pensar em segurança apenas na véspera do feriado. A conscientização da equipe precisa ser trabalhada com antecedência para que se torne natural e efetiva.
Avise a equipe com tempo
Nada de falar “último dia útil” e sair correndo. Crie uma pequena campanha interna antes dos feriados, com dicas simples e diretas sobre como proteger senhas, desligar equipamentos e manter atenção a golpes digitais. Uma simples cartilha virtual ou um e-mail com checklist já faz diferença.
Use uma linguagem próxima
Fale com a equipe como gente. Diga que dados são como a porta de casa: não adianta ter tranca se você a deixa aberta no feriado. Esse tipo de analogia ajuda a fixar comportamentos corretos e evita aquele tom burocrático que as pessoas tendem a ignorar.
7. A volta do feriado: hora de checar o que ninguém viu
O retorno das atividades é um momento crucial para verificar se tudo correu bem durante o período de recesso. Ter um protocolo estruturado para essa verificação pode ser a diferença entre detectar um problema cedo ou descobrir um desastre semanas depois.
Faça uma verificação pós-feriado
Ao retornar, tenha um protocolo de verificação básica: sistemas acessados, falhas registradas, e-mails suspeitos enviados ou recebidos, acessos fora do padrão. Se algo parecer fora do lugar, investigue. Melhor ser exagerado na prevenção do que reativo no prejuízo.
Registre tudo
Mesmo que não haja nenhum incidente, documentar essas verificações mostra cuidado e ajuda a formar uma cultura de segurança dentro da empresa. Ter histórico de checagens é um trunfo em auditorias e reforça a seriedade do programa de proteção de dados.
8. Conclusão: sua segurança não pode tirar folga
Feriado é ótimo para descansar, respirar e recarregar as energias. Mas enquanto a gente pausa, os dados continuam circulando — e os riscos, também. Com pequenas atitudes, planejamento e atenção, é possível manter a segurança mesmo nos períodos mais tranquilos do ano.
Aproveite os feriados com leveza, mas sem deixar de lado a responsabilidade. Afinal, quando todos cuidam um pouco, os dados permanecem protegidos o tempo todo. A segurança cibernética é como um plantão médico: sempre alerta, sempre ativa, sempre necessária.
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